segunda-feira, 16 de julho de 2012

O que sobrou do carnaval...

Sim, ainda há aqui, um pouco do que sobrou do carnaval. Cores desbotadas, latas amassadas, restos de fantasia do mundo ideal. O real? Bate à porta trazendo um gosto amargo na boca E uma vaga lembrança, bem fraca, pouca, do que aconteceu no carnaval... Se é que aconteceu! Será que acordei? Mas já amanheceu? Hoje é quarta ou é quinta? Há cinzas pelo chão... Um pé de sandália de salto perdido, solto, pendurado no corrimão... Mãos comemoravam, e se alisavam. Se seguravam, se amavam, mentiam... era Carnaval. E agora José? E agora Maria? Que tal? Arlequim e Colombina, o sonho derreteu, teve final. Pierrot, coberto de confete e serpentina, adormecido na varanda, com os pés no quintal. Curioso... como aquela máscara foi parar no varal? Ouço ou vejo ao longe uma pintura musical ou seria uma música visual? Noir em tons Pastéis, cheirando a madrigal... Eu soltei das mãos da foliã e ela me trocou por outro palhaço Dei-lhe um abraço, e olha que não sou desses que desiste assim tão fácil... Ao contrário, “nunca desista”, este é o meu lema. Mas estava mesmo apaixonado pela trapezista de olhos claros, de sardas... morena. Desvendei um teorema, recitei longas poesias com um só fonema... Retirei versos e estrofes para fazer um poema para a tal morena, E de pensar que o carnaval é em sua origem uma festa Grega, Me sinto fantasiado de Aristóteles andando pelas ruas de Athenas... Apenas o valor do brinquedo, distinge adultos de crianças Quem sabe então a morena do Carnaval, não seja minha última esperança?