quinta-feira, 30 de abril de 2009

O jabá. A música e o romantismo onde fica?

Talvez a internet tenha nos trazido além de uma lufada de independência e de possibilidade de distribuição musical de que os músicos precisavam, uma renovação de nossas utopias artísticas. Não sei... Talvez. Afinal o Brasil é muito amador em distribuição digital, por reflexo de uma série de fatores e o mais importante foi a atuação das gravadoras multinacionais que sempre estiveram por aqui explorando (como mineradoras) mal e porcamente o mercado fonográfico e pouco contribuiram para o amadurecimento deste. Não quero falar da passividade da maioria daqueles que formam a classe artística, sobretudo o mainstream musical, neste processo.
Há exceções e são muitas e posso dizer que o movimento hip hop por si só é uma delas.
O mangue beat também. O tecnobrega inclusive! Porque não?
Bom, lá na gringa o mercado fonográfico também tomou o soco no olho que tomamos, mas nossa letargia somada ao nosso complexo de vira-latas, nos paralisou artística e mentalmente.
Coisa 01
Quando ouço alguém dizer que gosta de um determinado artista (Ivete Sangalo para ficar num exemplo mais genérico e inespecífico como sua música); digo que ela não gosta necessariamente desta cantora... Digo que foi condicionada a gostar dela! As rádios executam tanto! Mas tanto... Os programas de tevê exibem tanto! Mas tanto, que...
Coisa 2
Nem todos mas alguns sabem que trampo com música. Soa estranho isso né? Já dei e ainda dou minhas cassetadas na caneta, microfone e coisa e tal mas, mais recentemente estou trabalhando naquilo que podemos chamar de "os bastidores" da música.
Olha... é deprimente saber o que um artista independente precisa fazer para tocar numa rádio! 10, 15 mil (no interior de SP); 40, 50 mil em São Paulo... No Rio a coisa não é diferente e o resto (é assim que tratam as outra praças) segundo os envolvidos neste meio, não é mercado!
Claro que sempre soube disso, mas fazer reuniões com pessoas ligadas à rádio e ouvir isso que escrevi acima de maneira tão natural que nos faz pensar que nos pediram para passar o saleiro durante o almoço, é demais! Por isso insisto. O que você (a maioria), o cidadão médio ouve (aliás, o gosto médio é pior que o mal gosto concordam??); não é fruto de seu desejo e formação e coisa e tal. As pessoas ouvem e gostam daquilo que são condicionadas a gostar. Claro, sempre fora assim. desde a ditadira, ou antes... Acho que a tevê faz parte de um processo de emburrecimento da população que faz a videodemonização racista de nossa cultura e a porra toda. Tevês e Rádios utilizam suas concessões públicas, para montar cartéis e máfias (como de narcotráficos e armamentos) que enriquecem explorando o talento, a burrice e a inércia da classe artística e toda sua órbita, nos faz parecer que esta tal lufada de independência que a internet nos trouxe, pode ser pequena, fraca e insuficiente para transformar a música e seus artístas em algo maior que produtos expostos em gôndolas de supermercados.
Solução?
Não há. Ao menos eu não acredito. Já se fez quase de tudo. Uma hora eles cairão bem como as multinacionais (gravadoras) caíram no Brasil e no mundo todo devida a más práticas e nós artistas, que fazemos música, queremos mostrá-la para uma, dez, mil, um milhão de pessoas e se pintar a oportunidade de tocar no rádio o faremos, e de ir à tevê também!
Afinal é uma concessão pública. Nos receber lá é obrigação! Mas ta phoda hein!!

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